Resenha do livro: Terapia Financeira. Autor Reinaldo Domingos
Educação
Financeira (EF) será habilidade obrigatória entre os componentes curriculares
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), essa novidade indica que a Educação
Financeira ganha um espaço que não existia até então no ano 2018. Dentro deste
contexto uma das poucas iniciativas de formação para os futuros Educadores
Financeiros é conhecida como Metodologia DSOP
do Phd em Educação Financeira Reinaldo Domingos. Esta resenha será feita sobre
o livro de título “Terapia financeira: realize seus sonhos com educação
financeira” de Reinaldo Domingos, 2ª edição de 2013.
O
livro é dividido em Apresentação, Introdução e mais 4 capítulos ao longo de
cerca de 130 páginas sendo que os 4 capítulos principais seguem a sigla DSOP da
metodologia com mesmo nome onde D significa diagnosticar, S vem sonhar, O
deriva de orçar e P de poupar.
A vida do autor é trabalhada na
Apresentação bem como as dificuldades para implementar um tipo de conhecimento
que até hoje engatinha na realidade brasileira. Durante a introdução o autor faz
alguns questionamentos sobre a relação do leitor com o dinheiro no cotidiano e
na vida de maneira geral e como a Educação financeira se encontra fora do
circulo social educacional das pessoas seja na família seja na Escola. Vale
enfatizar a lembrança do estigma da Educação Financeira ser do campo das
Ciências Exatas atrapalhar parte do desenvolvimento desta habilidade visto a
importância dos hábitos e costumes
Diagnosticar: entenda a epidemia do
desequilíbrio financeiro, assim começa o primeiro capítulo, fazendo analogias dos
órgãos do corpo com as partes do equilíbrio financeiro e frases populares como
“estar mal das pernas” e “estar quebrado”, tentando indicar que quando a
situação “sai do controle” financeiramente ela vai invadindo outros aspectos da
vida da pessoa, o que traz a necessidade de diagnóstico para um tratamento o
mais rápido possível onde ser autoconsciente do problema é um primeiro passo.
Inicialmente buscar entender os rendimentos, depois os gastos, na sequencia o
padrão de vida para depois chegar ao “eu” financeiro ou ao autodiagnostico (que
o autor no final do capítulo diz ser essencial pois um diagnóstico errado pode
levar a caminhos errados).
O segundo capítulo apresenta o Sonhar como sua base
e como este verbo pode canalizar esforços em torno de um objetivo para melhorar
a vida das pessoas. Um questionamento básico do capítulo seria “quanto custam
seus sonhos?” onde, partindo destes sonhos materiais ou imateriais, a pessoa
deveria tentar se organizar e listar de uma maneira para visualizar e viabilizar
seus sonhos, consequentemente à visualização o autor sugere o estabelecimento
de sonhos de curto, médio e longo prazos clareando a viabilidade do projeto
independente do prazo, anterior à precificação ou aos cálculos destes sonhos cálculos
estes que devem considerar as correções inflacionárias dos períodos. Estes
sonhos, segundo o livro, devem ser uma prioridade de vida mesmo que os prazos
tenham que mudar e os níveis de atitude, disciplina, esforço e perseverança.
Orçar é a ideia base do terceiro capítulo onde o
grande diferencial, segundo o autor, é a “priorização dos sonhos” (de curto,
médio e longo prazo) colocando-os à frente das despesas na elaboração do
orçamento entrando na concepção do “se pague primeiro” onde os custos novos
entrarão no orçamento e a partir do restante que sobra no orçamento a pessoa
terá de readequar seu novo padrão de vida e consumo enfatizando que
independente do salário o mais importante é a pessoa conseguir ter controle financeiro.
O autor também enfatiza a questão de como o orçamento é encarado como uma
“camisa de força”, por isso a importância de priorizar os sonhos, no entanto o
autor busca na metodologia DSOP priorizar objetivos prazerosos como os sonhos
pessoais que levam à satisfação pessoal.
Guardar dinheiro ou reter é a ideia principal do
quarto capítulo chamado de “Poupar: poupe primeiro, invista depois”, onde
investir é direcionar o valor poupado para algum investimento, onde o objetivo
da poupança, segundo o autor, tem de ser o direcionamento e o encaminhamento do
sonho, e o principal dos objetivos a “independência financeira”. A frase que
permeia boa parte do capítulo é “se, a partir de hoje, eu não tivesse mais o
meu ganho mensal, por quanto tempo conseguiria manter meu padrão de vida?”,
frase que faz sentido considerando o grau de dependência que o autor mostra
sobre sustentabilidade financeira dos idosos brasileiros. O autor também faz
ponderações sobre a sociedade consumista e imediatista na qual todos estão
inseridos e como o pensamento dominante neste padrão de vida pode dificultar
qualquer planejamento futuro.
Continuando no quarto capítulo existem algumas
simulações de aposentadoria futura e informações a se considerarem a respeito,
uma outra maneira de demonstrar são os gastos ou dinheiro poupado ao longo de
20 ou 30 anos com coisas aparentemente banais o que surpreenderia muitas
pessoas, logo depois faz reflexões sobre o desperdício e pontua quatro questões
de autoconhecimento financeiro. A apresentação da “fórmula DSOP da
independência financeira” onde há uma fórmula:
Idade com que se deseja
aposentar x(vezes) O que ganhou no último ano
=
Resultado x
(vezes) 40%
=
Valor que deverá ter para a
aposentadoria
Rendimento mensal do valor para
aposentadoria (considerando juros de época, por exemplo 0.65% a.m.
Outra questão levantada é a da importância de ser
previdente e guardar cerca de 10% do salário para se preparar para a própria
previdência uma vez que a minoria dos brasileiros pensam em uma complementação
à Previdência oficial (INSS), que apesar do seu caráter compulsório se torna a
tábua de salvação de muitos brasileiros, a partir disso o autor alertar para a
importância de uma complementação via previdência privada e a contratação de um
seguro. Em seguida a partir de tópicos (ou subtítulos) o autor enfatiza a
importância de um bom desconto – que muitas vezes pode ser mais vantajoso que
muitos investimentos-, pede para refletir antes de uma compra, ficar atento aos
meios de pagamentos e seus usos, livrar-se das dívidas, mapear seu DNA
financeiro, entender como aplicar o dinheiro e conhecer o tipo de aplicação
adequada ao tempo.
A obra em si se torna interessante pelo enfoque
comportamental dado ao campo da Economia Comportamental, área laureada com o
Prêmio Nobel de Economia em 1978 (Herbert Simon), 2002 (Daniel Kahneman), 2013
(Robert Shiller) e 2017 (Richard Thaler), apesar de não fazer menção direta a
nenhum dos trabalhos fica clara a prevalência do tema no foco dado a questão
dos hábitos e visões pessoais sobre os temas levantados
O conceito de ancoragem de Kahneman (2012) no qual
“nossos pensamentos e nosso comportamento são influenciados, muito mais do que
sabemos ou queremos, pelo ambiente do momento” aparece várias vezes no livro de
Domingos (2012), outra ideia relacionada é a da “ilusão de compreensão” no qual
Kahneman diz que apesar do engano parecer óbvio a percepção (diagnóstico no
livro resenhado) é tardia e muitas pessoas não teria como saber de antemão
sobre o assunto, pois não são ilustradas o suficiente.
O livro será de grande serventia para aqueles que
nunca estudaram a Educação Financeira pela ótica comportamental.
Referências:
DOMINGOS,
R. (2012). Terapia Financeira: realize seus sonhos com educação financeira. Ed.
Dsop.
KAHNEMAN,
D. (2012). Thinking, Fast and Slow. Farrar, Srauss and Groux / New York, 2012
(traduzido para o português com o título Rápido e Devagar – Duas formas de
pensar. Ed.Objetiva).
Observação: como o limite eram de 3 páginas no arquivo... fiz o mais resumido possível.
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